terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

II Concurso Literário "Uma Carta de Amor" 2012

Estão de parabéns todos os concorrentes e participantes do II Concurso Literário "Uma carta de Amor" 2012.
O júri do Concurso atribuiu os prémios aos seguintes concorrentes:
Escalão A: Ana Sofia Marques (9ºB) - 1º Prémio
                   Rita Grossinho ( 9ºB) - 2º Prémio
                   Inês Pereira (9ºB) - 3º Prémio
Escalão B: Inês Belo (12º Ano) - 1º Prémio
Escalão C: Krystel Leal - 1º prémio

Hoje, publicamos a carta vencedora concorrente ao Escalão C.


Meu ex-querido,



O pensamento caiu que nem uma pedra. O meu corpo ficou sem forças, sem vontades, sem desejos, sem nada. Vazio. Tudo o que te é relacionado, tem esse poder.

Derrubas e não olhas para trás. Insensível, coração de pedra. Olho para ti como uma criança desnutrida e tu devolves um olhar indiferente. Coração de pedra.

Tudo o que está à minha volta está coberto de sangue. Não porque sangro, mas porque dói. Tento limpar o relógio para ver que horas são. Não consigo. Nem isso me permites! Coração de pedra. Páras o tempo como se tudo te pertencesse, páras a vida como se dela precisasses.

Tento levantar-me, mas tudo está escuro. Levaste a luz, a força, a vontade. Menos uma. A que tenho de te vencer. Quem vence uma batalha, pode não vencer a guerra. Já dizia o outro.

Ontem invadiste mais uma vez o meu átrio pessoal. Houve sempre uma zona introdutória no nosso nós, aquele espaço e momento que não iria durar muito. Nunca te convidei a entrar. Nunca tentaste forçar a entrada. Nunca foste apresentado ao meu sofá ou à minha mesa de centro. Nunca conheceste o dentro de mim. Só o dentro superficial.

Ontem, depois de tantos dias, noites, e estações sem entrares no átrio, entraste sem bater. Ficaste a olhar para as paredes, tentando perceber o que faltava. O teu olhar percorreu cada milímetro de cimento e cada falha de pintura. Até que finalmente percebeste.

As memórias que tinhas deste espaço, onde nos beijámos e amámos, estão trancadas numa divisão no interior; todos os momentos, onde te perdeste em mim e eu em ti, estão fechadas na gaveta mais profunda da peça de mobiliário da divisão mais longínqua da casa. Não estão esquecidas, sentiste.

Estão apenas distantes. E, olhando pela última vez para as paredes vazias do átrio, prometeste a ti próprio nunca mais voltar. Pelo menos sem algo para pendurar, de forma definitiva, nas paredes vazias do meu coração.

E por isso agradeço-te. Depois de tanta dor e sofrimento, espero que o Amor, esse em maiúscula que nunca passa despercebido, seja rei e ditador de uma felicidade que chagará em breve.



Um beijo à moda antiga,

Meryala

Sem comentários:

Enviar um comentário