sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Cartas de Amor

Na sequência do concurso literário "UMA CARTA DE AMOR" publicamos hoje a carta vencedora do escalão A, da aluna Ana Sofia Marques, do 9ºB e ainda uma das cartas enviadas extra concurso. Esta carta foi enviada por uma ex-aluna da Escola, a Ana Sofia Oliveira.


Setor Britânico, 15 de Março de 1915


Querida Maya,

Escrevo-te hoje para te desejar um grande dia de aniversário. Hoje rezarei por ti e pelos miúdos, sabendo que aí estarão também a rezar por mim. Quero que saibas que, independentemente da distância, te adoro.
Acordo e adormeço a pensar em ti. Luto todos os dias apenas para te poder ter nos braços novamente. Todas as noites olho para o céu, sonhando que estou com vocês. Um dia, irei ter contigo. Um dia, saberei o que é dormir uma noite inteira sem ter medo de acordar. Um dia, apertarei a mão ao meu filho, dizendo-lhe o quanto estou orgulhoso dele. Um dia, abraçarei a minha filha com força suficiente para a proteger do mundo inteiro. Um dia, dar-te-ei um beijo de despedida pela manhã, sabendo que é apenas um “até já”. E um dia ainda, não será preciso sonhar com a felicidade, porque vocês estarão lá para sempre.

Espero que esta carta te chegue às mãos ainda hoje, para saberes que não me esqueço. Sabes que não…
Hoje, não lutarei. Baixarei as armas, por ti, pois sei o quão importante é este dia. Quero agradecer-te por aquilo que me tornaste. Mudaste-me de dentro para fora. Nunca voltarei a ser o mesmo homem que te deixou. Nunca deixarei que nos separem outra vez. Nunca…
Os dias têm-se tornado difíceis. As guerras intensificaram-se e as armas parecem-nos mais pesadas a cada lua que passa, embora saibamos que são apenas as forças que nos faltam. As noites são cada vez mais longas, noites em branco, sem a noção do tempo… O chão ensanguentado torna mais difícil o movimento. Amanhã, novas tropas virão e alguns de nós irão para casa. Rezo para ouvir o meu nome por entre os sons dos disparos, das mortes, dos gritos… Prometo-te que irei ter contigo. Tens a minha palavra.
Não queria dizer-te isto tudo hoje, mas preciso de desabafar. Sabes que sou forte e não me deixarei levar. Diz à Vanessa o quanto a adoro, que todos os dias rezo para que ela seja feliz. Ela que se porte bem, para me deixar orgulhoso quando a vir. Diz também ao Kyle que sei que a formatura está a chegar, e ele que espere por mim, porque estarei lá no meio da multidão. Quero que ele saiba que estarei lá para a fotografia, para o abraço, até para um discurso... Diz também à tua mãe que estarei disponível para “compensar” o tempo perdido, e o teu pai que espere por mim para o último jogo da Copa de Inglaterra. Diz-lhe que levarei bilhetes, e ficaremos juntos a ver a vitória do Chelsea FC (por muito que ele prefira os Sheffield United FC, diz-lhe que a minha equipa ganha sempre). Por fim, diz-te a ti mesma que eu tenho a certeza que estás linda hoje, a receber milhares de prendas do mundo inteiro.

Adoro-vos,

Mike Lamin
(Ana Sofia Marques, 9ºB - 1º Prémio; Escalão A)

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Uma Carta de Amor à Música


A música sempre foi, para mim, um conceito indefinível. Toda a tentativa para uma definição é um limite que não deve ser imposto à Arte, que é a expressão mais pura. Se tivesse de descrever a música, diria que é como uma brisa morna de Verão: posso senti-la a acariciar o meu rosto, mas jamais a posso segurar ou prender. É livre e é libertadora ao mesmo tempo. Pode ser bárbara, civilizada, doce, agreste, descritiva, prescritiva, violenta, pacífica, política ou anarquista. Buscai um adjectivo, a música pode sê-lo.
Sou totalmente desprovida de talento musical. Não distingo um Sol de um Si, não compreendo o conceito de progressão e não sou capaz de tocar uma escala na flauta sem desafinar. Mas felizmente existe quem tenha o talento de criar música, de a fazer nascer das cinzas como uma fénix.


Longa vida aos artistas e à Arte!

Ana Sofia Oliveira

(Esta carta foi entregue extra concurso)

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