quinta-feira, 20 de maio de 2010

ESCRITA CRIATIVA

Os períodos de luz aumentavam e a neve começava a derreter quando os jovens da Terra Antiga se reuniram para uma caçada. Iam entrar na floresta e demonstrar as suas habilidades, montando acampamentos, seguindo pistas, perseguindo os animais e sobrevivendo às muitas armadilhas e desafios preparados pelos mais velhos.
Bjorn quase que voava, tal era a agitação. Ele tinha a certeza de que seria considerado o mais apto dos aspirantes e afirmava que regressaria com o maior veado da floresta em cima dos ombros. Ainda não alcançara a idade de prestar a prova de fogo, mas, até lá, não deixaria que nenhum dos outros o suplantasse.

Bjorn era muito corajoso, mas não suportava que houvesse rapazes melhores que ele, ele era o melhor de todos! Por isso, aceitava todas as apostas e desafios que lhe propunham, não queria ficar com a imagem de medricas! Isso é que não!

Bjorn era loiro, com olhos castanhos-escuros. Era magro e baixo.

- Alto! Cuidado!!! - Gritou o Will. - Tigre à vista!                          
 (ANA SOFIA MARQUES 7º E)


E a partir deste momento, instalou-se uma tremenda confusão! Era só gente a correr de um lado para o outro, até que o Trovão gritou:

- Chega! Chegou agora o momento dos iniciados provarem o que valem!! Força! Começas tu, Pristo! Boa sorte!

- Sim, claro. - Disse Pristo, tremendo.

E começou a prova. Só para Pristo, por enquanto... Haveria de chegar a vez de Bjorn. E ele estaria preparado nesse momento. Pelo menos pensava ele que iria estar...

- Vou ter de superar a prova. Está a chegar o grande momento! Oh meu Deus!!!! - Pensava Bjorn, um pouco ansioso e ao mesmo tempo sentindo-se forte e destemido.

E, de repente, vieram-lhe à cabeça memórias dos seus tempos de infância, quando vivia em África, com a família e dos motivos pelos quais teve de se mudar para o Brasil. E lembrou-se também de Sara, a sua grande companheira de aventuras e desventuras e com quem passara os melhores e os mais assustadores momentos da sua vida. Lembrou-se de brincar com ela nas poças de lama... e das idas para o pinhal brincar às escondidas e a muitas outras divertidas brincadeiras.

Sara era forte e corajosa, como ele. Tinha cabelos pretos e olhos verdes. Era muito elegante e baixinha como ele. E Bjorn adorava-a. Nunca se esqueceu dela e tinha a certeza de que voltaria a vê-la. E voltariam a brincar juntos... e a sorrir e a correr pelo mundo fora... Mas onde estaria ela agora? Que seria feito da sua fiel companheira?

Recordou-se também da sua história... da sua vida... Separou-se de Sara porque o pai estava gravemente doente e só no Brasil se conhecia cura para aquela doença. E Bjorn teve de acompanhar os pais, separando-se de Sara.

Já no Brasil, construiu com os pais e com os irmãos uma cabana perto da Amazónia. Bjorn conseguiu lugar na escola mais próxima e assim conheceu o Will, o Trovão, o Pristo e o seu fiel amigo, o Bolinhas, um cão perdido que encontrou na rua. E foi também assim que entrou no clube da Terra Antiga, um clube onde só os mais selvagens e fortes entravam. E ele entrara. Quis ser o centro das atenções... Quis ficar com um bom papel na escola... Mas, entretanto a operação do pai correu mal, e em poucos dias, precisamente uma semana, seu pai morreu. Desde aí, a cabana ficou mais triste... sem o carinho que lhe faltava. E foi por isso que Bjorn quis vir à entrada dos novos amadores do clube, para se esquecer que o mundo existe... para se isolar, sem ter de dar explicações a ninguém. Mas Bjorn precisava de desabafar. A sua vida estava virada do avesso e Bjorn acreditava que não podia piorar mais...

No dia anterior tinha recebido a notícia de que Sara tinha cancro e poucas probabilidades de sobreviver... Tinha sido a gota de água... Agora Bjorn estava mais rebelde e desatento... As suas notas baixaram num ápice e já nem comer queria ver à frente... A sua mãe, Ana, e a sua irmã, Íris, têm tentado de tudo, mas nada parece resultar. Bjorn não cede... Precisa de chamar a atenção e, por isso, na escola o seu comportamento não tem sido dos melhores... Porque toda a gente precisa de atenção, carinho e afecto... O problema é que o carinho dos pais é o mais importante. O que faz mais falta a Bjorn.

Então, decidiu sair de casa e fazer-se à vida... deixar de ir à escola … E Bjorn ainda só estava no 8ºano... e com tanto ainda para aprender! Lembrou-se também das sábias palavras de Sara: A vida é feita de escolhas e nem sempre as mais fáceis são as melhores. E pensou... pensou... pensou... pensou tanto que lhe veio outra coisa à cabeça: os animais sentem... aleijam-se e ficam magoados... São seres vivos como nós... sofrem como nós e como Bjorn... Por isso, porquê fazer-lhes mal? Por estupidez, só pode! E finalmente olhou à sua volta. Já não era Pristo quem combatia o tigre. Agora era o Ratinho. Mas, onde estaria Pristo? Onde...

- Oh! Parece que ninguém consegue derrotar o malvado tigre... O Pristo e o Ratinho já tentaram e infelizmente não lhes calhou a sorte grande. Vamos agora à última oportunidade. Bjorn, podes entrar na arena! - Disse Trovão, sem compaixão, nem... nem sentimentos... Trovão não tinha coração, só pode! Como é que uma pessoa pode ser assim?

- Então, Bjorn? Tens medo? – Inquiriu Trovão.

Bjorn aproximou-se do tigre... tremia... pela primeira vez sentiu medo... sentiu falta do apoio dos pais...

E, de repente, virou-se para todos os espectadores, dizendo:

- Recuso-me a lutar com animais! Não mato animais! Não sou assassino como todos vocês! Os animais sentem como nós e sofrem... Por isso ninguém vai tocar no tigre...

- Olha que o tigre ainda te morde! - Disse, em troça, um dos espectadores.

- Não, não morde... Este tigre é amigo... - disse Bjorn virando-se para o tigre e esticando-lhe a mão como se fosse um animal de estimação. E o tigre retribuiu-lhe o gesto... Lambeu-lhe a mão.

- Oh! Oh! - Surgiu um burburinho por entre a assistência.

- Vá, “xô” daqui! O espectáculo acabou! - Dizia Bjorn.

E assistência começou a dispersar.

E Bjorn aprendeu e voltou para casa e para a escola... E recebeu a feliz notícia que Sara vinha visitá-lo... Bjorn nem queria acreditar!!!

Passada uma semana, Sara apareceu lá na cabana. Para Bjorn, Sara estava igualzinha... bonita e simpática como sempre fora... E foram juntos brincar para o mato, às escondidas e as outras brincadeiras, relembrando os belos tempos em que brincavam juntos.

Hoje eram crianças, Sara e Bjorn, com 6 anos, brincavam às brincadeiras de crianças da sua idade: às escondidas, ao macaquinho do chinês, à macaca, à apanhada e divertiram-se numa tarde para relembrar... e relembrar... e relembrar...

Ana Sofia Marques – 7º E

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